Intertextualidade: o que é e por que importa nas notícias

Já percebeu que um texto costuma lembrar outro? Essa troca de referências chama‑se intertextualidade. É quando um texto conversa com outro, cita, alude ou faz eco de ideias já existentes. Não é só coisa de professor de literatura; a gente vê isso o tempo todo nos jornais, nas séries e até nos placares de futebol.

Na prática, a intertextualidade deixa a leitura mais rica porque traz camadas de significado. Quando reconhecemos a referência, entendemos melhor a mensagem e ainda sentimos aquela conexão com o que já sabemos. Por isso, conhecer o conceito ajuda a aproveitar ao máximo o que consumimos no dia a dia.

Como identificar intertextualidade no jornalismo

Olhar para as manchetes é um bom ponto de partida. Se um artigo sobre um jogo de futebol menciona “revenge match” ou faz alusão a “clássico de 1976”, ele está puxando histórias passadas. O mesmo vale para podcasts ou séries – quando um programa usa o título de um clássico da TV, está fazendo um trocadilho que só quem conhece o original pega a piada.

Outra pista é o uso de termos que já carregam peso cultural. Por exemplo, ao falar da novela “Dona de Mim”, a matéria pode citar “engajamento bombástico” como referência a tramas de outras novelas que também mexeram com segredos de paternidade. A intertextualidade cria pontes entre histórias diferentes, tornando a leitura mais envolvente.

Exemplos de intertextualidade nas nossas matérias

Na cobertura da Liga MX, ao relatar a vitória do Monterrey sobre o Santos Laguna, o texto menciona a “retomada de ritmo”. Essa expressão ecoa frases usadas em outras ligas para marcar um retorno de forma semelhante, reforçando a ideia de que o time está voltando ao padrão de excelência.

Já na série Tulsa King, a descrição da terceira temporada fala sobre “nova trama” e “spin‑off NOLA King”. O uso de “spin‑off” lembra outras franquias que já fizeram isso, como Breaking Bad com Better Call Saul. Essa referência cria expectativas para quem já acompanha esse tipo de expansão.

Quando falamos da saga de Spider‑Man: Brand New Day, o texto destaca o “novo traje” e “cenas com tanques”. Isso traz à mente outras produções que atualizaram o visual dos heróis e usaram equipamentos militares, como o filme Capitão América. A referência ajuda o leitor a imaginar o tom da nova fase.

Até nas notícias de política, a intertextualidade aparece. A cobertura da anistia menciona “plano B”, um termo que costuma ser usado em debates legislativos quando a proposta principal enfrenta resistência. Quem acompanha o Congresso já entende o que está por trás da expressão sem precisar de explicação adicional.

Em resumo, a intertextualidade está em todo canto: nas falas de apresentadores que citam celebridades, nos títulos de jogos que remetem a clássicos dos anos 80, ou nas análises esportivas que trazem à memória confrontos históricos. Aprender a perceber essas ligações deixa a experiência de consumo de conteúdo muito mais divertida e informada.

Então, da próxima vez que você ler uma notícia, pare um segundo e pergunte: Que outro texto está falando por trás desse? Você pode estar prestes a descobrir um universo de referências que enriquece ainda mais a sua leitura.

Rogerio Rodrigues
nov
15

Controvérsia no ENEM 2024: Questão sobre Caetano Veloso gera debate sobre resposta correta

Uma questão no ENEM 2024 gerou polêmica após Caetano Veloso discordar da resposta oficial fornecida pelo Inep. A questão, que integra a seção de Linguagens do exame, utiliza uma crônica de Tati Bernardi que cita músicas de Caetano Veloso. Enquanto o gabarito oficial considerou correta a opção que enfatiza a repetição da palavra 'coisa', Caetano afirma que a resposta correta é a que destaca a intertextualidade através da citação de versos.